💰 Estudo de ativos - Mastercard (MA), Visa (V) e American Express (AXP)
- Alexandre Palazzo
- há 6 dias
- 20 min de leitura
Por Alexandre Palazzo, em 01/04/2025
Resumo:
As três maiores operadoras de cartão de crédito do mundo possuem excelentes fundamentos e histórico de alta tanto no preço quanto nos dividendos.
O setor ainda tem potencial de crescimento e não está ameaçado por sistemas mais novos, como o Bitcoin, pelo menos nos próximos anos.
Além de servir como meios de pagamento, as empresas armazenam enorme quantidade de informação sobre seus clientes. Basicamente eles sabem tudo de nós através de suas maquininhas. Esse “Big Data” tem sido cada vez mais procurado e valorizado, tornando-se um novo negócio rentável e sem custo.
Curiosamente, cada uma das 3 empresas avaliadas venceu uma das comparações que fiz, dando ao leitor uma facilidade de escolha, caso queira investir no setor, dentro do seu objetivo estratégico.
Pessoalmente, eu escolhi Mastercard e Visa como destino dos meus aportes, pois elas se alinham mais aos meus objetivos (renda passiva crescente). Leia o disclaimer e entenda que isso não é uma recomendação de investimento. Temos assessores e planejadores financeiros na equipe, consulte um deles aqui se você precisar de ajuda com decisões e escolhas para a sua carteira!
O dinheiro de Plástico
O setor de cartões de crédito e meios de pagamento é um dos pilares da economia global moderna, caracterizado por sua resiliência, escala e capacidade de adaptação às mudanças tecnológicas e comportamentais.
Globalmente, em 2023, quase 20 trilhões de dóalres navegaram pelos meios de pagamento oferecidos pelas empresas de cartão de débito, crédito e pré-pagos. O volume transacionado no Brasil com estes cartões totalizou R$ 4,1 trilhões em 2024, um crescimento 10,9% na comparação com o ano anterior, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

Potencial de Crescimento Global
O mercado de pagamentos eletrônicos ainda possui um potencial de crescimento significativo, especialmente em regiões emergentes como Ásia, África e América Latina, onde a penetração de serviços financeiros digitais está em expansão. A transição contínua do dinheiro físico para formas digitais, impulsionada pela urbanização, aumento do acesso à internet e adoção de smartphones, sugere que o setor pode crescer a taxas de dois dígitos anuais em muitas áreas. Além disso, a ascensão de novos casos de uso, como pagamentos por aproximação, carteiras digitais e comércio eletrônico, amplia as oportunidades. Mesmo em mercados maduros, como os EUA e a Europa, há espaço para inovação em serviços de valor agregado e integração com tecnologias emergentes (isso inclui o Bitcoin, como veremos adiante).
Capacidade da Visa e Mastercard de Manter Market Share
Visa e Mastercard possuem uma posição dominante no mercado global de pagamentos, sustentada por redes extensas, parcerias com bancos e instituições financeiras, além de uma infraestrutura robusta que processa bilhões de transações anualmente. Seu “poder de fogo” reside em economias de escala, fortes barreiras de entrada (como regulamentações e confiança estabelecida) e investimentos contínuos em tecnologia, como segurança cibernética e inteligência artificial. No longo prazo, elas têm a capacidade de se adaptar a concorrentes, como fintechs e sistemas alternativos, por meio de aquisições, parcerias e diversificação de serviços. Contudo, a pressão de novos entrantes e sistemas regionais (ex.: Pix no Brasil, UPI na Índia) pode desafiar sua dominância em mercados específicos, exigindo agilidade estratégica. O que me dá confiança de que essa agilidade estará lá é o histórico das gigantes, que adotam para si novas tecnologias ou compram quem as estava desenvolvendo.
Comportamento das Ações em Recessões Tornam os Papéis Defensivos
Durante a crise financeira global de 2008, empresas como Visa e Mastercard demonstraram resiliência notável. Embora o volume de transações tenha sido impactado pela redução do consumo, seus modelos de negócios baseados em taxas por transação (e não em crédito direto) as protegeram de perdas significativas relacionadas a inadimplência, ao contrário de bancos tradicionais. As ações da Visa, por exemplo, que estrearam em 2008, superaram o mercado em geral nos anos seguintes, refletindo a percepção de estabilidade e crescimento de longo prazo. Em recessões, o setor tende a sofrer menos que indústrias cíclicas (como manufatura), mas pode enfrentar ventos contrários temporários devido à queda no gasto discricionário.
Como o mercado tem se comportado como um bêbado dançando na sacada, ter ações defensivas tornam o sono mais tranquilo. A qualidade dos negócios não muda nada numa crise, apenas a percepção das pessoas sobre o valor das empresas. Se o crash vier, ele pode trazer uma bela oportunidade. Mas eu já montei posição na minha empresa escolhida. Se cair, compro mais.
Negócios Paralelos: Big Data e Hábitos de Consumo
Além do processamento de pagamentos, Visa e Mastercard exploram negócios paralelos lucrativos, como a venda de dados agregados e anonimizados sobre hábitos de compra. Essas informações, derivadas de trilhões de transações, são valiosas para empresas que buscam otimizar estratégias de marketing, estoques e desenvolvimento de produtos. Por exemplo, elas oferecem serviços de análise que ajudam varejistas a entender tendências de consumo ou governos a monitorar indicadores econômicos. Outras áreas paralelas incluem soluções de segurança (ex.: tokenização), programas de fidelidade e serviços B2B, como plataformas de gestão de despesas corporativas. Esses negócios diversificados fortalecem sua proposta de valor além das taxas de transação.
Participação na Renda e Potencial de Aumento
Embora as receitas principais ainda venham do processamento de pagamentos (taxas de intercâmbio e serviços de rede), os negócios paralelos, como Big Data, representam uma fatia crescente. Estima-se que essas atividades contribuam com cerca de 10-20% da receita total, dependendo da empresa e do ano, mas esse percentual varia conforme os relatórios oficiais (que nem sempre detalham essas linhas separadamente). O potencial de aumento é alto, dado o crescimento exponencial da demanda por dados acionáveis e a integração com inteligência artificial. À medida que as empresas expandem serviços como consultoria de dados e soluções personalizadas, essa participação pode se aproximar de 30% ou mais no longo prazo, especialmente se combinada com inovações como tokenização e serviços de identidade digital.
Tá, mas e a AMEX?
A American Express (Amex) difere da Visa e da Mastercard em aspectos fundamentais de seu modelo de negócios, o que impacta diretamente sua operação, receita, riscos e posicionamento no mercado. Vamos explorar a seguir essas diferenças e os efeitos da escolha da Amex em prover crédito diretamente aos clientes, enquanto Visa e Mastercard atuam apenas como redes de processamento de transações.
1. Diferenças Fundamentais entre Amex, Visa e Mastercard
Modelo de Negócios
Visa e Mastercard:
Operam como redes de pagamento, funcionando como intermediárias entre consumidores, comerciantes, bancos emissores (que fornecem os cartões) e bancos adquirentes (que processam os pagamentos para os comerciantes).
Não emitem cartões diretamente nem concedem crédito aos consumidores. Essa função é delegada aos bancos parceiros (ex.: um cartão Visa pode ser emitido pelo Itaú ou Bradesco).
Ganham dinheiro principalmente com taxas de transação (uma pequena porcentagem de cada compra) e serviços adicionais, como taxas de intercâmbio e serviços de dados.
Modelo de baixo risco, pois não estão expostas diretamente à inadimplência dos consumidores.
American Express (Amex):
Atua como uma rede de pagamento e emissora de cartões, ou seja, é uma operação mais verticalizada.
Emite seus próprios cartões e concede crédito diretamente aos clientes, funcionando como uma instituição financeira.
Além das taxas de transação, a Amex também lucra com juros sobre saldos de crédito (quando os clientes não pagam a fatura integralmente) e anuidade dos cartões, que tende a ser mais alta que a de Visa e Mastercard.
Modelo de maior risco, pois a Amex assume diretamente o risco de crédito e inadimplência dos clientes.
Público-Alvo e Posicionamento
Visa e Mastercard:
Focam em ampla aceitação global, atendendo a uma base de clientes massiva e diversificada, desde consumidores de baixa renda até clientes premium.
São aceitas em mais estabelecimentos globalmente (Visa: ~130 milhões de pontos de aceitação; Mastercard: ~100 milhões) devido à sua rede de parcerias com bancos.
Oferecem cartões em várias categorias (básico, ouro, platina, etc.), muitas vezes com anuidades baixas ou inexistentes.
Amex:
Posiciona-se como uma marca premium, focando em clientes de alta renda, empresas e viajantes frequentes.
Oferece benefícios exclusivos, como programas de recompensas robustos (ex.: Membership Rewards), acesso a salas VIP em aeroportos e serviços de concierge.
Tem uma aceitação mais limitada (cerca de 80 milhões de pontos de aceitação globalmente), pois muitos comerciantes evitam a Amex devido às taxas de intercâmbio mais altas (em média, 2,5-3,5% por transação, contra 1,5-2,5% de Visa/Mastercard).
Estrutura de Receita
Visa e Mastercard:
Receita concentrada em taxas de transação e serviços de rede (ex.: 80-90% da receita da Visa vem de taxas de processamento e serviços de dados).
Margens operacionais muito altas (Visa: ~66%; Mastercard: ~56%), pois não têm exposição direta ao risco de crédito.
Amex:
Receita mais diversificada: taxas de transação, anuidades e, principalmente, juros sobre crédito (cerca de 30-40% da receita vem de juros, dependendo do ano).
Margens operacionais menores (20-25%), devido aos custos associados à gestão de crédito e inadimplência.
2. Efeitos da Escolha da Amex em Prover Crédito
Vantagens para a Amex
Maior Controle sobre a Experiência do Cliente:
Ao emitir cartões e gerenciar o crédito, a Amex tem controle total sobre a experiência do cliente, desde a aprovação do crédito até os benefícios oferecidos. Isso permite criar produtos diferenciados, como cartões premium (ex.: Amex Platinum), que atraem clientes dispostos a pagar anuidades altas (ex.: $695/ano nos EUA para o Platinum).
Pode personalizar programas de recompensas e serviços, fortalecendo a fidelidade do cliente.
Receita Adicional com Juros:
A Amex lucra significativamente com os juros cobrados sobre saldos não pagos. Por exemplo, em 2023, cerca de 35% de sua receita veio de juros, com taxas que podem chegar a 20% ao ano ou mais, dependendo do mercado e do cliente.
Essa fonte de receita é inexistente para Visa e Mastercard, que dependem exclusivamente das taxas de transação.
Relacionamento Direto com o Cliente:
Como emissora, a Amex tem acesso direto aos dados de consumo e comportamento financeiro de seus clientes, o que é valioso para personalizar ofertas e vender serviços adicionais (ex.: seguros, programas de fidelidade).
Desvantagens e Riscos
Exposição ao Risco de Crédito:
A Amex assume o risco de inadimplência diretamente. Durante crises econômicas, como a de 2008, a empresa enfrentou aumento nas taxas de inadimplência, o que impactou seus lucros. Por exemplo, em 2009, a Amex viu sua taxa de inadimplência subir para cerca de 8%, enquanto Visa e Mastercard, sem exposição direta, foram menos afetadas.
Para mitigar isso, a Amex mantém uma política de crédito mais rigorosa, focando em clientes de alta renda com menor probabilidade de default.
Menores Margens Operacionais:
Gerenciar crédito exige reservas para perdas (provisões para inadimplência), o que reduz as margens. Enquanto Visa e Mastercard têm margens operacionais de 56-66%, a Amex opera na faixa de 20-25%, refletindo os custos associados ao risco de crédito.
Aceitação Limitada:
A Amex cobra taxas de intercâmbio mais altas dos comerciantes para cobrir os custos de seus programas de recompensas e operações de crédito. Isso faz com que muitos comerciantes, especialmente pequenos negócios, evitem aceitar Amex, limitando sua penetração em comparação com Visa e Mastercard.
Sensibilidade a Ciclos Econômicos:
Como a receita da Amex depende de juros e gastos discricionários (muitas vezes associados a viagens e entretenimento), ela é mais sensível a recessões. Durante a pandemia de 2020, por exemplo, a Amex viu uma queda de 20% na receita líquida, enquanto Visa e Mastercard tiveram quedas menores (10-15%), já que seus volumes de transação foram menos impactados.
Efeitos no Negócio a Longo Prazo
Crescimento Mais Lento, Mas Margens Potencialmente Mais Altas em Juros:
A Amex cresce a um ritmo mais lento que Visa e Mastercard em termos de volume de transações, mas sua receita por transação é maior devido às taxas mais altas e aos juros. Isso a torna mais lucrativa por cliente, mas limita sua escalabilidade global.
Foco em Nicho Premium:
A escolha de prover crédito reforça o posicionamento premium da Amex, atraindo clientes que valorizam benefícios exclusivos. No entanto, isso a torna menos competitiva em mercados emergentes, onde a aceitação ampla e cartões de baixo custo (como os de Visa e Mastercard) dominam.
Resiliência e Diversificação:
A receita de juros dá à Amex uma fonte de renda diversificada, o que pode ser uma vantagem em cenários onde as transações caem, mas os saldos de crédito aumentam (ex.: clientes financiando mais compras durante crises). Por outro lado, Visa e Mastercard dependem exclusivamente do volume de transações, o que as torna mais vulneráveis a quedas no consumo.
3. Comportamento durante a Grande Crise Financeira
Visa e Mastercard:
Durante a crise de 2008, Visa e Mastercard sofreram quedas no volume de transações devido à redução do consumo, mas não enfrentaram perdas diretas por inadimplência. Suas ações caíram menos que o mercado geral (S&P 500 caiu ~38%, enquanto Visa caiu ~30% e Mastercard ~25% no pior momento).
Recuperaram-se rapidamente, pois o modelo de taxas de transação é mais previsível e menos arriscado.
Amex:
A Amex foi mais impactada, com aumento na inadimplência e queda nos gastos discricionários (ex.: viagens, um setor chave para seus clientes). Sua ação caiu cerca de 60% no auge da crise, refletindo o risco de crédito.
No entanto, a Amex se recuperou bem nos anos seguintes, ajustando sua política de crédito e focando ainda mais em clientes de alta renda.
4. Resumindo…
A escolha da Amex de prover crédito a diferencia de Visa e Mastercard, permitindo maior controle sobre a experiência do cliente e uma fonte adicional de receita (juros), mas ao custo de maior risco e menor escalabilidade. Isso a torna uma empresa mais cíclica e sensível a crises, com margens operacionais menores, mas com um nicho bem definido no mercado premium. Visa e Mastercard, por outro lado, priorizam escala e estabilidade, com margens mais altas e menor exposição a riscos de crédito, o que as torna mais resilientes em cenários adversos, mas com menos potencial de receita diversificada por cliente. Para um investidor, a Amex pode oferecer maior potencial de retorno em cenários de crescimento econômico, enquanto Visa e Mastercard são escolhas mais defensivas e consistentes a longo prazo.
Ameaça do Bitcoin e de Sistemas Descentralizados
O Bitcoin, ao combinar dinheiro e sistema de pagamentos em uma rede descentralizada, apresenta um desafio teórico ao modelo tradicional. Ele elimina intermediários e reduz custos de transação, atraindo entusiastas e críticos do sistema financeiro estabelecido. No entanto, sua ameaça prática às gigantes como Amex, Visa e Mastercard é limitada no curto e médio prazo. Fatores como volatilidade, escalabilidade (transações por segundo), aceitação limitada no varejo e barreiras regulatórias restringem sua adoção em massa. Além disso, Visa e Mastercard estão se posicionando para coexistir com criptomoedas, integrando-as em suas redes (ex.: parcerias com plataformas de cripto e emissão de cartões vinculados a stablecoins). Assim, o Bitcoin pode complementar, mais do que substituir, o ecossistema atual, ao menos por enquanto.
Lado a Lado
Vamos examinar os fundamentos dessas 3 empresas com base em métricas recentes e históricas. A análise será estruturada em torno de dividend yield, crescimento anual composto dos dividendos (CAGR) em 5 e 10 anos, histórico de cortes de dividendos e desempenho total, considerando o preço das ações e os proventos. Todas as informações são baseadas em dados disponíveis até primeiro de abril de 2025. Mas é tudo verdade! 😆
1. Dividend Yield (Rendimento de Dividendos)
O dividend yield reflete o retorno anual em dividendos em relação ao preço atual da ação. Para investidores focados em renda passiva, esse é um indicador chave.
Visa (V):
Dividendo anual: $2,36 por ação (baseado no último pagamento trimestral de $0,59).
Preço estimado da ação (abril 2025): ~$340.
Dividend Yield: ~0,69%.
Observação: A Visa oferece um rendimento baixo, mas consistente, refletindo sua estratégia de reinvestir lucros em crescimento e recompra de ações.
Mastercard (MA):
Dividendo anual: $3,04 por ação (baseado no último pagamento trimestral de $0,76).
Preço estimado da ação (abril 2025): ~$520.
Dividend Yield: ~0,58%.
Observação: Similar à Visa, o yield da Mastercard é modesto, priorizando crescimento e recompras em vez de altos pagamentos de dividendos.
American Express (AXP):
Dividendo anual: $2,80 por ação (baseado no último pagamento trimestral de $0,70).
Preço estimado da ação (abril 2025): ~$270.
Dividend Yield: ~1,04%.
Observação: A Amex oferece o maior yield entre as três, beneficiando-se de sua dupla função como emissora de cartões e rede de pagamentos, o que gera receita adicional com juros.
Vencedor em Dividend Yield: American Express, com o maior retorno em dividendos (1,04%), tornando-a mais atraente para renda passiva imediata.

2. Dividend CAGR (Crescimento Anual Composto dos Dividendos)
O CAGR dos dividendos mede o crescimento sustentável dos pagamentos ao longo do tempo, essencial para avaliar o potencial de renda passiva futura.
Visa:
5 anos: ~15,5% (baseado em dados recentes, com aumentos consistentes de cerca de 13-15% ao ano).
10 anos: ~18,0% (refletindo um histórico sólido de aumentos agressivos desde o início dos pagamentos).
Observação: A Visa mantém 16 anos consecutivos de aumentos, com um CAGR robusto, embora o crescimento tenha desacelerado ligeiramente nos últimos anos.
Mastercard:
5 anos: ~15,5% (aumento recente de 15% em 2024, alinhado com um histórico forte).
10 anos: ~34,0% (crescimento excepcional, mas partindo de uma base menor; os aumentos recentes são mais moderados, ~10-15%).
Observação: Com 14 anos de aumentos consecutivos, o CAGR de longo prazo é impressionante, mas o ritmo diminuiu à medida que os dividendos amadureceram.
American Express:
5 anos: ~10,0% (crescimento mais lento, refletindo uma base de dividendos já estabelecida).
10 anos: ~12,0% (aumento constante, mas menos agressivo que Visa e Mastercard).
Observação: A Amex tem um histórico longo de dividendos (décadas de pagamentos), mas o crescimento é mais conservador em comparação com as rivais.
Vencedor em Dividend CAGR:
5 anos: Empate entre Visa e Mastercard (~15,5%).
10 anos: Mastercard (34,0%), embora o crescimento recente seja mais próximo das concorrentes. Considero esse valor uma distorção que não deve se repetir.

3. Histórico de Cortes de Dividendos
Cortes de dividendos indicam instabilidade financeira, algo crítico para investidores de renda passiva.
Visa: Nenhum corte nos últimos 16 anos desde que começou a pagar dividendos. Política conservadora com payout ratio baixo (~22%).
Mastercard: Nenhum corte nos últimos 14 anos. Payout ratio igualmente baixo (~19%), sugerindo segurança.
American Express: Nenhum corte recente, com décadas de pagamentos consistentes. Durante a crise de 2008, a Amex manteve os dividendos, mas o crescimento foi pausado temporariamente. Payout ratio mais alto (~25-30%), mas ainda sustentável.
Vencedor em Estabilidade: Empate entre os três, com nenhum corte significativo no horizonte recente. Todos têm políticas sólidas e margens seguras.

4. Ganho Total (Preço + Proventos)
O ganho total considera a apreciação do preço das ações mais os dividendos reinvestidos, refletindo o retorno geral para o investidor.
Visa:
Preço (10 anos atrás, ~2015, ajustado por split): ~$65.
Preço atual (abril 2025): ~$340.
Apreciação do preço: ~423%.
Dividendos reinvestidos: ~0,6-0,8% ao ano, mas com CAGR de 18%, adicionam retorno composto significativo.
Retorno total anualizado (10 anos): ~17-18% (estimado).
Resultados recentes (Q1 fiscal 2025): Receita líquida de $9,5 bilhões (+5% YoY), margem operacional de 66%.
Mastercard:
Preço (10 anos atrás, ~2015, ajustado por split): ~$90.
Preço atual (abril 2025): ~$520.
Apreciação do preço: ~478%.
Dividendos reinvestidos: ~0,5-0,6% ao ano, com CAGR de 34%, impulsionam o retorno total.
Retorno total anualizado (10 anos): ~18-19% (estimado).
Resultados recentes (Q4 2024): Receita líquida de $7,5 bilhões (+14% YoY), margem operacional de 56,3%.
American Express:
Preço (10 anos atrás, ~2015): ~$80.
Preço atual (abril 2025): ~$270.
Apreciação do preço: ~238%.
Dividendos reinvestidos: ~1,0-1,2% ao ano, com CAGR de 12%, oferecem um impulso decente.
Retorno total anualizado (10 anos): ~12-13% (estimado).
Resultados recentes (Q2 2024): Receita de $16,33 bilhões (+8,5% YoY), lucro líquido de $3,02 bilhões (+38,7% YoY).
Vencedor em Ganho Total: Mastercard, com maior apreciação de preço (~478%) e retorno total anualizado (~18-19%), superando Visa e Amex.

5. Fundamentos Comparativos
Visa:
Market Cap: ~$674 bilhões.
P/E: 35 (média 5 anos: 32).
Margem operacional: 66% (líder do setor).
Dívida líquida: $6,3 bilhões (balanço sólido).
Recompras: Reduziu ações em 9,4% (3 anos).
Crescimento projetado: ~10-12% (receita 2025).
Mastercard:
Market Cap: ~$519 bilhões.
P/E: 41 (média 5 anos: 38).
Margem operacional: 56,3% (forte, mas abaixo da Visa).
Dívida líquida: $9,5 bilhões (leve desvantagem).
Recompras: Reduziu ações em 6,7% (3 anos).
Crescimento projetado: ~12-14% (receita 2025).
American Express:
Market Cap: ~$190 bilhões.
P/E: 19,7 (mais atrativo).
Margem operacional: ~20-25% (menor, devido a exposição ao crédito).
Dívida líquida: ~$40 bilhões (mais alavancada).
Recompras: Menos agressivas que Visa/MA.
Crescimento projetado: ~8-10% (receita 2024).

Qual o seu foco?
Para começar com yield mais alto:
Escolha: American Express (AXP).
Justificativa: Maior dividend yield (1,04%) e estabilidade, embora o crescimento dos dividendos seja mais lento (CAGR 10-12%). Ideal se o foco é renda imediata. Pessoalmente, não acho esse yield suficiente para compensar o baixo crescimento do payout a cada ano.
Para maior Ganho Total (Preço + Proventos):
Escolha: Mastercard (MA).
Justificativa: Melhor retorno total (~18-19% anualizado em 10 anos), impulsionado por forte apreciação do preço e crescimento de dividendos (CAGR 34% em 10 anos). A escolha para quem busca maximizar ganhos de capital com renda passiva secundária.
Melhores resultados financeiros:
Visa (V): Oferece um meio-termo, com yield razoável (0,69%), CAGR sólido (15,5% em 5 anos, 18% em 10 anos) e retorno total competitivo (~17-18%). É a opção mais defensiva e com o melhor balanço.
Os gráficos
Como minha primeira experiência no mercado foi uma palestra espetacular do Stormer (Alexandre Wolwacz), comecei a investir após fazer na escola dele um curso de análise técnica. Hoje trabalho com fundamentos e renda passiva mas nunca deixo de pensar graficamente. Então, apresento aqui os gráficos que usei para tomar a minha decisão final. Convido o leitor para observar principalmente o fluxo de caixa das empresas (FCF - Free Cash Flow), em azul, com a sua trajetória marcada em amarelo. Foi o elemento que tirou de vez Amex da corrida.



Zoom no Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa é um indicador crucial para investidores interessados em crescimento e estabilidade financeira. Analisei tanto o crescimento do fluxo de caixa operacional, ou FCO (em termos de taxa de crescimento anual composta, ou CAGR), a regularidade desse crescimento (consistência ano a ano) e outros aspectos relacionados, como o fluxo de caixa livre (FCF), que é o FCO ajustado por despesas de capital (CapEx), e sua aplicação (dividendos, recompras de ações, etc.). Os dados são baseados em relatórios financeiros recentes e históricos até 2024, com projeções para 2025 quando aplicável.
1. Fluxo de Caixa Operacional (FCO) e Crescimento
Visa
FCO Recente (2024): $20,2 bilhões (ano fiscal encerrado em setembro de 2024), um aumento de 8% em relação a 2023 ($18,7 bilhões).
Histórico (5 anos):
2019: $12,8 bilhões.
2020: $10,1 bilhões (queda devido à pandemia).
2021: $15,2 bilhões.
2022: $18,8 bilhões.
2023: $18,7 bilhões.
2024: $20,2 bilhões.
CAGR (5 anos, 2019-2024): ~9,5%.
Regularidade: O crescimento do FCO da Visa é relativamente estável, com uma queda em 2020 devido à pandemia (redução de 21% no volume de transações), mas com recuperação rápida e consistente nos anos seguintes. A variação ano a ano é moderada, com crescimento médio de 8-10% fora de anos atípicos.
Mastercard
FCO Recente (2024): $12,1 bilhões (ano fiscal 2024), um aumento de 12% em relação a 2023 ($10,8 bilhões).
Histórico (5 anos):
2019: $8,2 bilhões.
2020: $7,2 bilhões (queda devido à pandemia).
2021: $9,5 bilhões.
2022: $11,2 bilhões.
2023: $10,8 bilhões.
2024: $12,1 bilhões.
CAGR (5 anos, 2019-2024): ~8,1%.
Regularidade: Similar à Visa, a Mastercard teve uma queda em 2020 (12% de redução), mas se recuperou fortemente, com crescimento mais acelerado em 2021 (32%) e 2022 (18%). Nos últimos dois anos, o crescimento desacelerou para 8-12%, mostrando uma trajetória um pouco menos regular que a Visa, mas ainda consistente.
American Express (Amex)
FCO Recente (2024): $18,6 bilhões (ano fiscal 2024), um aumento de 15% em relação a 2023 ($16,1 bilhões).
Histórico (5 anos):
2019: $13,8 bilhões.
2020: $5,6 bilhões (queda significativa devido à pandemia).
2021: $14,6 bilhões.
2022: $21,1 bilhões.
2023: $16,1 bilhões.
2024: $18,6 bilhões.
CAGR (5 anos, 2019-2024): ~6,2%.
Regularidade: O FCO da Amex é mais volátil. A queda em 2020 foi drástica (59%), refletindo sua exposição a gastos discricionários (ex.: viagens) e o impacto da inadimplência durante a pandemia. A recuperação em 2021 e 2022 foi forte (160% e 45%, respectivamente), mas 2023 viu uma queda de 24% devido a aumento nas provisões para perdas de crédito. O crescimento em 2024 (15%) mostra retomada, mas a variação ano a ano é mais pronunciada que nas concorrentes.
2. Fluxo de Caixa Livre (FCF)
O FCF é o FCO menos as despesas de capital (CapEx), e é um indicador importante para avaliar quanto caixa está disponível para dividendos, recompras de ações e investimentos.
Visa:
CapEx 2024: $1,1 bilhão (baixo, pois o modelo de negócios é leve em ativos fixos).
FCL 2024: $20,2 bilhões - $1,1 bilhão = $19,1 bilhões.
CAGR FCL (5 anos): ~9,8% (similar ao FCO, dado o CapEx estável).
Uso do FCL: A Visa aloca a maior parte do FCL para recompras de ações ($12 bilhões em 2024) e dividendos ($4,5 bilhões), com o restante reinvestido em tecnologia e aquisições.
Mastercard:
CapEx 2024: $0,8 bilhão.
FCL 2024: $12,1 bilhões - $0,8 bilhão = $11,3 bilhões.
CAGR FCL (5 anos): ~8,5%.
Uso do FCL: Similar à Visa, a Mastercard prioriza recompras ($8 bilhões em 2024) e dividendos ($2,5 bilhões), com investimentos em segurança e expansão de serviços.
Amex:
CapEx 2024: $1,5 bilhão (maior que as concorrentes, devido a investimentos em tecnologia e infraestrutura para gerenciar crédito).
FCL 2024: $18,6 bilhões - $1,5 bilhão = $17,1 bilhões.
CAGR FCL (5 anos): ~6,5%.
Uso do FCL: A Amex distribui menos em recompras ($4 bilhões) e dividendos ($2 bilhões), usando uma parcela maior para reforçar reservas de crédito e financiar crescimento (ex.: expansão de portfólio de clientes).
3. Comparação: Crescimento Mais Rápido
Visa: CAGR FCO de 9,5% (5 anos), o mais alto entre as três.
Mastercard: CAGR FCO de 8,1%, um pouco abaixo da Visa, mas ainda robusto.
Amex: CAGR FCO de 6,2%, o mais baixo, impactado pela volatilidade durante a pandemia e pela natureza cíclica de seu modelo.
4. Comparação: Crescimento com Maior Regularidade
Visa: O crescimento do FCO é o mais regular, com variações ano a ano menores (exceto 2020). A média de crescimento anual (excluindo 2020) é de 8-10%, com poucos picos ou quedas abruptas.
Mastercard: Também é bastante regular, mas com maior variação em anos de recuperação (ex.: 32% em 2021). A “escada” do FCF de MA é mais bonita no gráfico pois indica que o crescimento está aumentando ao invés de estabilizar. Os recuos de preço e FCF são os menores dentre as 3.
Amex: Menos regular, com quedas significativas (ex.: -59% em 2020, -24% em 2023) e picos de recuperação (ex.: +160% em 2021). A volatilidade reflete sua exposição ao risco de crédito e a dependência de gastos discricionários.
5. Outros Aspectos do Fluxo de Caixa
Margem de Fluxo de Caixa Operacional (FCO/Receita):
Visa: ~62% (2024: $20,2 bilhões / $32,7 bilhões de receita).
Mastercard: ~48% (2024: $12,1 bilhões / $25,1 bilhões de receita).
Amex: ~30% (2024: $18,6 bilhões / $60,5 bilhões de receita).
Observação: A Amex tem a menor margem devido aos custos associados à gestão de crédito (ex.: provisões para perdas), enquanto Visa e Mastercard, sem esse ônus, convertem uma proporção maior de receita em fluxo de caixa.
Uso do Fluxo de Caixa:
Visa e Mastercard priorizam recompras de ações, o que reduz o número de ações em circulação e aumenta o lucro por ação (EPS), beneficiando acionistas. Ambas também aumentam dividendos consistentemente.
A Amex, por outro lado, precisa alocar uma parte significativa do FCL para reservas de crédito, o que limita sua capacidade de recompras e dividendos em comparação com as concorrentes.
Resiliência em Crises:
Durante a pandemia (2020), a Amex teve a maior queda no FCO (-59%), enquanto Visa (-21%) e Mastercard (-12%) foram menos impactadas. Isso reflete a maior sensibilidade da Amex a ciclos econômicos, enquanto Visa e Mastercard se beneficiam de um modelo mais defensivo.
6. Conclusão
Crescimento Mais Rápido: Visa lidera com um CAGR de FCO de 9,5% (5 anos), impulsionada por sua escala global, alta margem operacional e modelo de negócios eficiente. A Mastercard segue de perto (8,1%), enquanto a Amex (6,2%) cresce mais lentamente devido à sua natureza cíclica.
Crescimento com Maior Regularidade: Mastercard caiu menos em momentos de Bear Market e tem um FCF apontando para a Lua, praticamente sem recuos significativos ao longo do tempo. Pode vir a ultrapassar Visa nos próximos anos em termos de crescimento + rápido.
Considerações Adicionais: A Amex, apesar do crescimento mais lento e menos regular, gera um volume absoluto de FCL significativo ($17,1 bilhões em 2024), mas sua margem é menor devido aos custos de gestão de crédito. Visa e Mastercard, com margens mais altas e menos riscos, são mais eficientes na conversão de receita em fluxo de caixa, o que as torna escolhas mais consistentes para investidores focados em estabilidade e crescimento sustentável.
Minha Escolha:
O setor de pagamentos é dinâmico e resiliente, com espaço para crescimento global impulsionado por digitalização e inclusão financeira. Visa e Mastercard têm ferramentas para manter relevância, mas enfrentam concorrência crescente que exige inovação contínua. Seus papéis tendem a ser defensivos em recessões, enquanto os negócios paralelos, como Big Data, oferecem uma avenida promissora de diversificação de receita. O Bitcoin, embora disruptivo em teoria, ainda não possui a infraestrutura ou aceitação para desbancar o modelo estabelecido, sugerindo que a indústria tradicional tem tempo para se adaptar e até lucrar com essa transformação.
A decisão final depende do seu objetivo. Todas são excelentes empresas, sem cortes de dividendos e com fundamentos robustos. Eu escolhi ter uma posição grande em MA e pequena em V. O que diferencia as duas empresas são pequenos detalhes, de forma que ter as duas me faz aproveitar o melhor de cada uma. A posição em MA é maior pela importância que eu dou ao FCF e pela queda menor em Bear Market, pois estamos entrando em um, aparentemente. Se os preços caírem mais, melhor pra mim, pois me dariam a chance de comprar mais ações dessas empresas espetaculares.
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